Lorcaserina

A Lorcaserina é um agosnista serotoninérgico seletivo do receptor 5-HT2c (estimulante da liberação da POMC) = proopiomelanocortina, gerando saciedade. Atua nos receptores 5HT2c da serotonina, este receptor é específico do SNC e regula o apetite e a sensação de saciedade.

 

INTRODUÇÃO

 

A obesidade é hoje um desafio à medicina, sendo considerada uma doença crônica epidêmica.
Lorcaserina se mostrou bastante promissora como terapia adjuvante à terapia não farmacológica do tratamento da obesidade.
A redução de peso observada foi significativa e mantida durante o uso da medicação. Além disso, foi obsevada melhora discreta, mas significativa nos seguintes parâmetros em relação ao placebo: pressão arterial sistêmica, triglicerídeos, sensibilidade à insulina, fibrinogênio e proteína C reativa.

 

INDICAÇÕES

 

  • Para adultos obesos com IMC a partir de 30, e em adultos com excesso de peso corporal, com IMC a partir de 27, que já apresentem algum problema de saúde decorrente da obesidade, como por exemplo, aumento da pressão arterial ou diabetes tipo 2.
  • Melhora o humor;
  • Contribui para melhora da cognição;
  • Epilepsia;
  • Transtorno compulsivo obsessivo;
  • Doença de Parkinson;
  • Esquizofrenia;
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Distúrbios do sono;
  • Abuso de drogas;
  • Auxilia na redução da pressão sanguínea;
  • Ajuda a melhorar os níveis lipídicos.

 

MECANISMO DE AÇÃO

 

Atua como agosnista seletivo do receptor de serotonina, que expressa diretamente no cérebro o controle do apetite e aceleração do metabolismo.

Possui ação direta nos receptores de serotonina presentes no cérebro, atuando como um eficaz inibidor de apetite, por meio do bloqueio da sensação de fome, o que confere à lorcaserina um aliado importante no combate à obesidade.

A lorcaserina possui seletividade funcional da ordem de 15 e 100 vezes mais pelo receptor 5-HT2c que pelos receptores 5-HT2a e 5-HT2b, respectivamente.

O aumento da atividade serotoninérgica no SNC por meio do estímulo do receptor 5-HT2c modula o balanço calórico por intermédio da ativação da via do sistema POMC, promovendo o aumento do catabolismo pelos efetores de segunda ordem, tais como TRH, CRH, MC4R, entre outros. Estudos em animais sugerem que ratos com ausência do receptor 5-HT2c têm taxa metabólica basal diminuída, assim como hiperfagia e desregulação da saciedade. Em humanos, alguns estudos sugerem que o agonismo do receptor 5-HT2c pode aumentar a taxa metabólica basal e a termogênese.

O Lorcaserin apresenta efeito sobre a homeostase da glicose. A ativação dos receptores no hipotálamo modula a ingestão de alimentos por ativar a pró-ópio-melanocortina, sistema de neurônios que induz a hipofagia, por influenciar o equilíbrio calórico. Assim, portanto, ocorre a supressão do apetite, diminuição da ingestão de alimentos, ativação do centro de saciedade, e consequentemente gerenciamento de peso.

 

DOSE USUAL

 

10mg duas vezes ao dia, de preferência uma hora antes do almoço e jantar. Efeitos evidentes após 12 semanas de uso (três meses).

 

CONTRA INDICAÇÕES

 

Grávidas, lactantes, pacientes abaixo de 18 anos, doadores de esperma, pacientes com doença cardíaca congestiva necessitam de avaliação médica e devem ser assistidos ao longo do tratamento.

 

REAÇÕES ADVERSAS

 

As reações mais comuns são enjoo, náuseas, fadiga, boca seca, constipação, nasofaringite e inflamação do sistema respiratório superior, cefaleia que tendem a desaparecer com o uso contínuo da medicação. Em pacientes diabéticos pode desencadear hipoglicemia.

 

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

 

Não fazer uso concomitante com outros medicamentos que aumentem os níveis de serotonina no cérebro ou ativem seus receptores, incluindo algumas drogas contra a depressão e enxaqueca – inibidores seletivos da recaptação de serotonina, inibidores da MAO, triptofano, bupropiona, erva de São João.

 

ESTUDOS CLÍNICOS

 

Realizou-se um estudo duplo cego com 3182 pacientes adultos obesos ou com sobrepeso. Os pacientes foram randomizados para receber por 52 semanas Locarserin 10 mg duas vezes ao dia, ou placebo. Todos os participantes foram instruídos quanto ao estilo de vida a ser levado através de aconselhamento nutricional e a prática de exercícios, por pelo menos 30 minutos ao dia.

Após as 52 semanas de estudo, o grupo placebo continuou os mesmos procedimentos e o grupo teste foi dividido em dois: os pacientes foram novamente randomizados para manter a medicação ou receber placebo.

Os resultados obtidos após um ano de teste demonstraram a perda de peso de 5,8± 0,2kg no grupo que fez uso de Locarserin e 2,2 ±0,1kg no grupo placebo. Do grupo Locarserin 47% dos pacientes tiveram uma perda de 5% de peso contra 20% do grupo placebo. Observou-se uma perda de 10% do peso original em 22,7% dos pacientes do grupo intervenção contra 7,7% do grupo controle. No final do segundo ano, observou-se que o grupo que fez uso do Locarserin manteve melhor a perda ≥ 5% do peso inicial dos que trocaram para o grupo placebo no segundo ano.

Esse estudo compreendeu pacientes com doenças associadas como diabetes tipo 2, pressão alta ou colesterol alto. Observou-se assim uma melhora nesses parâmetros, como redução da pressão sanguínea, melhora nos níveis de lipídeo e indicadores glicêmicos, assim como demonstraram segurança para pacientes cardiopatas que apresentam distúrbios valvares.